segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Demissão é oportunidade para sacar o FGTS e buscar mais rendimento

Inflação se aproxima de 10%, enquanto fundo rende apenas 3% mais TR; projeto de lei que equipara rendimento ao da poupança vai ao Senado

Toda crise tem oportunidades, e agora não é diferente. Com o aumento das demissões, mais trabalhadores poderão sacar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e investir em produtos com rentabilidade bem mais atrativa. Isso porque o FGTS rende apenas 3% ao ano mais a Taxa Referencial (TR) - ante 9,56% da inflação acumulada em 12 meses. Em capitais como Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, a inflação já supera os 10%. Desde 2003 o dinheiro acumulado ao longo da carreira profissional não era tão corroído pela alta generalizada de preços.

O desemprego crescente fez os saques do FGTS aumentarem 16,2% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014. Foram retirados R$ 48 bilhões nos seis primeiros meses de 2015, ante R$ 41 bilhões no ano passado. A demissão sem justa causa é o principal motivo, somando R$ 31 bilhões ou 65% do total.

Considerando que o trabalhador pode usar seu FGTS apenas em poucas situações - como demissão, aposentadoria e na compra da casa própria (veja mais abaixo) -, a recomendação é aproveitar qualquer chance de resgate. Em caso de demissão sem justa causa, a empresa dá uma chave de identificação ao trabalhador. O documento é necessário para a solicitação do saque do FGTS em até 90 dias.

Mudança. Enviado para o Senado, o projeto de lei que altera a regra de correção do FGTS (aprovado na Câmara dos Deputados na semana passada) propõe igualar o rendimento do fundo ao da poupança, que rende 6,17% ao ano mais a TR. A mudança no porcentual ocorreria de maneira escalonada, entre 2016 e 2019, e só deve valer para novos depósitos.

“Será uma melhoria substancial para o trabalhador”, diz o professor de finanças Alexandre Cabral. Ele fez cálculos que indicam que o saldo de um trabalhador no FGTS poderá render 5,3% a mais no período entre 2016 e 2019 pela regra proposta no projeto de lei, em comparação com a atual. Para alguém com salário de R$ 3 mil, por exemplo, a diferença final no saldo seria de R$ 742.

Segundo o texto aprovado na Câmara, os recursos para pagar a correção maior sairão do lucro do FGTS, que em 2014 foi de R$ 12,9 bilhões. Se o valor do superávit do fundo não for suficiente, será preciso retirar parte do patrimônio acumulado nos últimos anos.

Em que investir. Apesar da perspectiva de melhoria do rendimento do FGTS, a equiparação à poupança não é suficiente para cobrir a inflação atual. “Quando falamos de investimento, sempre temos de pensar em ganho real. Render menos que a inflação significa perder poder de compra ao longo do tempo”, lembra o consultor financeiro Conrado Navarro.

E para quem não tem plano imediato para o dinheiro sacado, qual é uma boa opção para aplicar o FGTS? Os especialistas indicam o Tesouro Direto, em especial o Tesouro Selic (antiga LFT). Esse título, ao contrário dos outros, não sofre com a volatilidade dos juros, pois rende a taxa Selic diária. Assim, se o investidor quiser se desfazer do título antes do vencimento não corre o risco de perder dinheiro. O Tesouro Selic 2021 rendeu 0,85% bruto em julho.

Neste ano, os títulos do Tesouro passaram a ter liquidez diária, ou seja, quem precisa resgatar o dinheiro faz a solicitação num dia e no dia seguinte o valor está depositado na conta. Essa facilidade atraiu muita gente. Em julho, 15 mil novos investidores aplicaram no Tesouro Direto - um recorde. “A liquidez diária permite usar o dinheiro em caso de necessidade imediata”, diz Navarro.

Mesmo com o Imposto de Renda (a alíquota é de 22,5% para resgates antes de 180 dias), o consultor afirma que  o Tesouro Selic rende, líquido, de 40% a 50% acima da poupança.

Por dentro das regras do FGTS

1. Quem tem carteira assinada depois de 5 de outubro de 1988 tem direito ao FGTS. Para empregador doméstico, o recolhimento se tornou obrigatório neste ano.

2. O empregador deposita no fundo, todo mês até o dia 7, valor equivalente a 8% do salário (para menor aprendiz é 2%). Não há desconto no holerite.

3. O saque só pode ser realizado em casos de: demissão sem justa causa; término do contrato de trabalho; aposentadoria (ou quando o titular da conta tiver mais de 70 anos); compra da casa própria; morte do trabalhador; doença grave do trabalhador ou dependente; necessidade pessoal em função de situação de emergência ou calamidade pública; conta sem depósitos por três anos ininterruptos.

4. Na demissão o trabalhador recebe uma chave de identificação para saque do FGTS. Sua validade é de 90 dias. Se passar esse prazo e o resgate não for realizado é necessário pedir nova chave de identificação para o antigo empregador.

5. Para o resgate é preciso ir a uma agência da Caixa Econômica Federal. É possível sacar até R$ 1.500 em casas lotéricas. Saiba mais sobre a documentação exigida: 0800 726 0207 ou www.fgts.gov.br/trabalhador.

FONTE: Força Sindical

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Gasto das famílias pode ter pior ano em década

Desemprego, inflação e juros altos são alguns dos fatores para a queda no consumo; desde 1990, houve retração em apenas quatro anos

Principal motor do crescimento da economia brasileira nos últimos anos, o consumo das famílias caminha para ter em 2015 a maior queda desde o início da década de 90. Aumento do desemprego, queda na renda dos trabalhadores, inflação elevada, aumento dos juros e redução do crédito disponível são apontados como os principais fatores para a contenção de despesas nos lares. O resultado é que as famílias estão, a seu modo, fazendo seus “ajustes fiscais”, incluindo “pedaladas”, em alguns casos.

Atrasar a troca do carro, usar a geladeira por mais tempo, deixar de comer fora e substituir marcas mais caras por outras mais baratas são algumas das estratégias usadas pelos consumidores, em todas as faixas de renda. “A crise chegou e é transversal em todas as classes”, diz Renato Meirelles, presidente do instituto Data Popular, especializado em pesquisas sobre os hábitos de consumo das classes de menor poder aquisitivo.

De 1990 para cá, houve retração no consumo em apenas quatro anos (1991, 1992, 1998, 2003) e todas as quedas foram no máximo de 0,7%, ou seja, em 2015, qualquer recuo superior a isso já será o maior desde 1991 – esse cálculo não existe para 1990, mas o consumo deve ter recuado, pois a economia afundou 4,3% naquele ano, marcado pelo confisco das poupanças no governo de Fernando Collor (1990 -1992).

O Estado identificou pelo menos cinco instituições de pesquisa econômica, entre bancos e consultorias, com projeções mais pessimistas do que o recuo de 0,7% neste ano.

João Sabóia, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), explica que até dois ou três anos atrás, a economia vinha sendo puxada pelo consumo privado. A massa total de rendimentos, turbinada tanto pelo maior número de pessoas com emprego quanto pelos aumentos salariais, não parava de crescer. Agora, isso acabou, com os salários sendo reajustados abaixo da inflação e as pessoas perdendo o emprego.

Para Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), a desaceleração no consumo das famílias é resultado dos excessos cometidos nos últimos quatro anos. A economia desacelerou a partir de 2011, mas os brasileiros não sentiram isso no dia a dia. Com o mercado de trabalho em expansão, a ampliação do crédito, os juros em queda e o aumento real da renda, o consumo cresceu com muito mais vigor do que a atividade como um todo. “Criamos uma certa euforia. Mas, sem a economia manter o ritmo, a festa ia acabar. O Brasil viveu no crediário e agora vai ter de pagar a conta”, diz Silvia, que vê queda de 2,0% no consumo este ano.

Contraponto. Sabóia, do IE/UFRJ, discorda de que os excessos de antes exigem ajuste tão forte agora e critica o peso da alta dos juros, que deixa o crédito mais escasso e caro. “O crescimento da massa de rendimentos acabou porque o governo tomou a iniciativa de fazer um ajuste forte, que está sendo muito maior do que se esperava”, diz o professor.

Na visão de Silvia, a classe média e a classe baixa sofrerão mais, pois não têm o hábito de poupar e estão desprotegidas ante o desemprego e a queda na renda.

Mais otimista, Meirelles, do Data Popular, confirma que a classe C fica mais fragilizada porque não tem poupança, mas, por outro lado, “para a classe C, crise não é exceção, é regra”. “O ‘sevirômetro’ é muito maior nas classes C e D do que nas A e B. As pessoas têm quatro chips de celular para economizar, ‘hackeiam’ o Wi-Fi alheio, entre outras estratégias. Eles estão tendo de rebolar para não dar um passo atrás”, diz Meirelles.

Uma pesquisa do Data Popular feita no início do mês, com 3 mil pessoas, mostra que 42% dos brasileiros deixaram de pagar uma conta para quitar outra ao longo dos últimos 12 meses. É a “pedalada fiscal doméstica”, diz Meirelles.

A estratégia lembra o atraso do repasse do Tesouro Nacional para os bancos públicos fazerem pagamentos de programas sociais: a família deixa de pagar num mês a conta de luz para pagar a fatura do cartão de crédito; no mês seguinte, paga a luz, para evitar que o fornecimento seja cortado, e deixa de pagar alguma outra conta.

Mais pessimista, o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, lembra que anos de retração no consumo nunca reuniram uma coleção tão grande de fatores negativos. “Fomos acostumados a um ambiente de ter sempre emprego. Mas tudo convergiu neste ano, 2015 fica marcado porque tem quase todos os indicadores, ao mesmo tempo, indo na direção negativa.”

FONTE: Força Sindical

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Disparada do dólar deixa brasileiro mais pobre

Com o salto na cotação da moeda americana e a retração na economia, PIB per capita tende a cair de US$ 11,6 mil em 2014 para US$ 8 mil neste ano

Com a recessão se aprofundando, o desemprego em alta e a renda em baixa, não havia dúvida de que o brasileiro perderia poder aquisitivo neste ano. Na semana que passou, porém, ficou claro que outro componente pode comprometer ainda mais o fôlego financeiro no Brasil: a insistente alta do dólar.

A moeda americana fechou a sexta-feira cotada a R$ 3,51,uma elevação de 2,72% na semana e de quase 32% no ano. Haverá um baque inevitável sobre a economia. Na média, a estimativa é que a capacidade de cada brasileiro de criar e de usufruir da riqueza do País vai cair de US$ 11,6 mil, no ano passado, para a casa de US$ 8 mil.

O efeito do câmbio já vinha corroendo o poder de compra dos brasileiros, dentro e fora das fronteiras. Em janeiro, quem foi a Nova York e comprou o modelo top de linha do iPhone 6 Plus, desbloqueado, pagou pouco menos de R$ 2,3 mil. Para adquirir o mesmo celular na última sexta-feira, um brasileiro em visita aos Estados Unidos pagou praticamente R$ 3 mil, apenas por causa da variação do câmbio neste ano.

Aqui no Brasil, no mercado interno, o dólar se entranha sutilmente nos serviços e nos produtos. Nada menos do que 23 de cada 100 produtos vendidos no País são importados (inteiramente ou parte deles). Até 77% do insumo de eletrônicos, como computadores e televisores de LCD, e mais da metade dos insumos de produtos farmacêuticos, como remédios, são importados, e vêm tendo reajustes.

Perda de riqueza. Uma maneira de medir ganhos e perdas da população com o câmbio é converter, para dólares, o Produto Interno Bruto per capita (PIB per capita). A conta é simples. O PIB, que indica a geração de riqueza de um País (criada por pessoas, empresas, governo, pela exportação), é dividido pelo número total de habitantes.

Neste ano, é consenso que o PIB do Brasil vai encolher. A população, porém, continua aumentando. Numa analogia, o bolo vai ser menor, mas há mais gente à espera de um pedaço. A única forma de dividir é dando pedaços menores para cada um. Assim, quando o PIB cai, o PIB per capita cai mais ainda.

A estimativa do PIB per capita de 2015, a pedido do Estado, foi feita pelo economista Claudio Considera, professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador associado do Núcleo de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Segundo os cálculos de Considera, em valores de 2014, o PIB per capita tende a passar de R$ 27,2 mil, no final do ano passado, para R$ 26,4 mil neste ano. Na média, é como se cada brasileiro deixasse de gerar e de usufruir de R$ 830 reais de um ano para outro. “É claro que, dependendo do emprego e da renda, alguns brasileiros vão ficar bem mais pobres do que outros, mas na média todos nós ficaremos mais pobres”, diz Considera.

O PIB per capita é calculado em reais. No entanto, costuma ser convertido para dólar para permitir uma comparação com o desempenho entre países. O efeito do câmbio neste ano será desalentador. A perda vai ser ainda maior do que a vista em reais. O PIB per capita tende a passar de US$ 11,6 mil, segundo dado divulgado pelo Banco Mundial em relação a 2014, para cerca de US$ 8 mil, considerando que, após os solavancos vistos, o dólar termine o ano cotado a R$ 3,22, média projetada por analistas de mercado no último Boletim Focus, do Banco Central. Visto assim, é como se quase US$ 4 mil da riqueza de cada brasileiro fosse pulverizada.

“O PIB per capita dá uma ideia da geração de riqueza por habitante”, diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. “Quando ocorre uma queda na geração dessa riqueza, como a gente está vendo neste ano e poderá ver no próximo, a perda por habitante é ainda maior – a percepção de deterioração da economia se acentua”, diz Vale. A MB projeta uma queda de 2,1% para o PIB neste ano. Vale estimou que, por esse parâmetro, a queda do PIB per capita em 2015 tende ficar em 2,9%.

FONTE: Força Sindical

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Redução da maioridade penal e correção do FGTS são prioridades da Câmara

Da Agência Brasil

A segunda semana de trabalhos da Câmara neste semestre não será menos movimentada do que a primeira. A pauta de votações prevê a apreciação de temas considerados polêmicos, como a redução da maioridade penal, o financiamento de campanhas políticas por empresas, as novas regras de correção dos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e os destaques à proposta que trata da remuneração dos advogados públicos, além da instalação da CPI dos Fundos de Pensão.

Para terça-feira (11), está prevista na sessão ordinária a votação do projeto do Executivo que altera a lei que trata das organizações criminosas (12.850) para dispor sobre organizações terroristas. O parecer, já apresentado pelo relator, deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA), e discutido pelos deputados disciplina ações de terrorismo, condutas congêneres e reformula o conceito de organização criminosa. A proposta estabelece penas que variam de 20 a 30 anos de reclusão, além de outras sanções para os atos de terrorismo. O texto também determina penas diferentes para delitos de menor grau.

Ainda na sessão ordinária de terça-feira, os deputados deverão apreciar projeto de lei que autoriza o Executivo a criar a Ride (Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno) e instituir o Programa Especial de Desenvolvimento do Entorno do DF.  Em seguida, será iniciada a discussão e votação do projeto de lei que estabelece que a remuneração dos depósitos feitos nas contas vinculadas (FGTS) não poderá ser inferior à inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Mais cinco projetos constam da pauta de votações da semana.

FONTE: R7 Notícias

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Rossetto: Fórum sobre emprego, renda e previdência será instalado em 02/09

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, afirmou há pouco que no dia 02 de setembro será instalado, em Brasília, um fórum junto a sindicalistas, representantes das classes patronais e de aposentados para discutir questões da Previdência, de emprego e renda. Esta foi uma das decisões tomadas em uma reunião de mais de duas horas entre o ministro, seu colega da Previdência, Carlos Gabas, do Trabalho, Manoel Dias, e representantes das principais centrais sindicais do País, realizada nesta quarta-feira (5), em São Paulo.

"O Fórum, convocado pela presidente Dilma, é muito qualificado. Temos dois grandes temas: previdenciário e mercado de trabalho e, a pedido das centrais, vamos debater as questões da agenda econômica, política de desenvolvimento econômico, cenário de crescimento e geração de emprego", afirmou, antes de participar de almoço com representantes de sindicatos na sede da União Geral dos Trabalhadores, na capital paulista. Rossetto destacou que o trabalho do governo é de "recuperar rapidamente a capacidade de crescimento econômico", do Brasil.

Questionado sobre a decisão de ontem da Câmara dos Deputados de não recuar no tema da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 443, que equipara os salários de integrantes da Advocacia-Geral da União (AGU), com efeito cascata para Estados e Municípios, Rossetto admitiu que, se aprovada, a PEC terá um "impacto grande" sobre as contas públicas. "Nós temos limites fiscais e o Congresso tem grande responsabilidade no equilíbrio fiscal", afirmou. Segundo o ministro, assim como o governo, a sociedade também vê com preocupação esse tipo de "pauta-bomba" que aumenta os gastos públicos.

Sobre as reivindicações das centrais, Rossetto disse não ser possível garantir para os aposentados os ganhos reais do salário mínimo. "O Governo garante a correção da inflação para os aposentados, o que importante para preservar o poder de compra deste grupo", disse. "Mas não temos condições fiscais de transferir o aumento da produtividade econômica dos que estão na atividade produtiva para os aposentados", afirmou. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência destacou o fato de o governo já ter prorrogado até 2019 a atual política de valorização do salário mínimo.

Centrais Sindicais

Para João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical, o encontro com o governo foi positivo de abre a possibilidade de negociações sobre temas de interesse do trabalhador. "Foi uma conversa de balanço dos seis primeiros meses, mas apresentamos cobranças em torno da proposta de progressividade do 85/95 no fator previdenciário", afirmou.

Já Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), citou a defesa dos sindicatos de regulamentar a terceirização, mas não como está previsto no Projeto de Lei 4330, em tramitação no Senado. "As centrais sindicais vão ter várias reuniões antes da instalação do fórum no dia 02 de setembro, para que possamos estar bem afinados e buscar alternativas para que o País saia da atual situação grave, principalmente em relação ao emprego", afirmou.

FONTE: FORÇA SINDICAL

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Brasileiros aderem ao home office

Estimativa é de que 12 milhões de funcionários já trabalhem em casa no sistema de ‘teletrabalho’, adotado por 36% das empresas no País

O engenheiro mecânico Antônio Torquato, de 51 anos, é um profissional disciplinado. Diretor financeiro da Prati Donaduzzi, de Toledo (PR), trabalha a 1,2 mil km de distância de seus colegas, semana sim, semana não, em São José dos Campos (SP), onde mora a família. Em casa, ele se fecha numa sala e despacha pela internet, como se estivesse no escritório da empresa.

Passa horas grudado ao computador, das 7 da manhã às 7 da noite, com um pequeno intervalo para almoço. Não admite interrupções e os três filhos, de 11, 14 e 16 anos, foram avisados disso quando ele adotou o sistema home office, ou teletrabalho, há seis meses. Depois de sete dias isolado no escritório doméstico, Torquato pega um avião para dar expediente na sede da empresa, uma indústria nacional de produtos farmacêuticos.

“Sinto falta do contato direto com os colegas, do cafezinho no corredor, porque a interação é importante, mas recupero isso quando estou em Toledo”, diz Torquato, um sujeito expansivo que gosta de trabalhar em equipe. Ele conversa pelo telefone, troca mensagens pela internet e participa de frequentes videoconferências pelo Skype, uma maneira de estar presente.

“É como se eu estivesse usando um ramal interno, no mesmo prédio”, observa. A ligação é rápida e permite acesso seguro a todos os dados internos da Prati. O diretor controla o expediente quando está em casa, mas acaba trabalhando mais, porque está sempre de antena ligada para atender os colegas.

Disciplina, confiança e controle, como no caso de Torquato, são condições fundamentais para o home office. As empresas que aderem ao teletrabalho selecionam e monitoram com atenção os empregados, sempre voluntários, que aceitam trabalhar em casa. “Tem de haver confiança, pois o chefe sempre vai perguntar se o funcionário está mesmo trabalhando”, adverte a consultora Cristina Nogueira, sócia da Walking the Talk, que fundou há seis anos com Carolyn Taylor, residente em Londres. Com mais dois colaboradores nos EUA e na Austrália, a dupla é especializada em cultura de empresa e presta consultoria em três continentes, quase sempre à distância. “Posso estar num shopping e trabalhando, independentemente da diferença do fuso horário”, diz Cristina. A cada três meses, ela viaja para reuniões sobre o andamento dos negócios.

“O home office é uma tendência mundial e envolve 32,5% da população economicamente ativa, com cerca de 1 bilhão de pessoas utilizando esse método”, afirma Álvaro Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades e da International Telework Academy na América Latina. “Nossa estimativa é de que 12 milhões de brasileiros trabalham em casa”, informa.

A tecnologia facilita as tarefas dos funcionários que utilizam dispositivos móveis, acessando aplicativos pela internet. Segundo Melo, a satisfação de quem trabalha em casa é grande e, ao contrário do que se poderia prever, o sistema não está gerando processos trabalhistas. Pesquisa feita em 2014 pela SAP Consultores Associados constatou que 36% das empresas brasileiras adotam práticas de home office – 75,12% delas localizadas em São Paulo.

O consultor Carlos Eduardo Altona, da Exec – Executive Performance, que trabalha com recrutamento de executivos, atribui o crescimento do home office, entre outras causas, ao alto custo dos imóveis e à difícil mobilidade nas metrópoles. “O metro quadrado em Alphaville custa metade do preço para montar um escritório em bairros nobres de São Paulo, mas o deslocamento de Alphaville para a capital toma quase duas horas das pessoas”, observa o consultor.

Diante dessas dificuldades, é mais prático o funcionário trabalhar em casa. Contanto que se tomem certos cuidados, adverte Altona, para medir a produtividade e controlar o expediente. Mecanismos paralelos substituem o cartão de ponto tradicional para comprovar o cumprimento da jornada.

Lançado em abril como projeto-piloto, o sistema home office do Banco do Brasil começou com nove funcionários da área de tecnologia. Esse número chegará a 150 no fim do ano. Os resultados têm sido excelentes, na avaliação do diretor de Gestão de Pessoas, Carlos Netto. “Constatamos um aumento de 15% na produtividade e alto índice de satisfação entre os colegas envolvidos”, disse o diretor, já planejando a extensão do sistema a outros setores do banco.

FONTE: Força Sindical