segunda-feira, 23 de março de 2015

Sofrimento extra para quem perde o emprego no Rio.

Com greve nos postos do Sine, nem quem dorme na fila consegue seguro-desemprego

O ajudante de caminhão desempregado Fábio da Silva Costa bem que tentou. Chegou às 23h de domingo à Superintendência Regional do Ministério do Trabalho, no Centro do Rio, para passar a noite na rua, garantir um bom lugar na fila e agendar a entrada no seguro-desemprego. Não conseguiu. Às 7h, quando o posto abriu, um funcionário avisou que ninguém seria atendido naquela segunda-feira, porque as senhas haviam esgotado pela internet.

Dramas como o de Silva têm se repetido nos últimos dias, devido a uma greve de funcionários terceirizados que deixou inoperantes ao menos 20 dos 62 postos do governo estadual, as agências do Sine. As unidades paradas atendem 600 pessoas por dia. Segundo a Secretaria de Estado de Trabalho e Renda, a greve deve terminar hoje. E, se o mercado de trabalho perdeu o fôlego no Brasil, no Estado do Rio o quadro é pior: foram 11 mil vagas com carteira fechadas em fevereiro, no pior desempenho do país, segundo dados do Ministério do Trabalho divulgados anteontem.

PEDIDOS TRIPLICARAM NESTA SEMANA

Com menos centros estaduais funcionando, os postos do Ministério do Trabalho ficaram sobrecarregados. Normalmente, as agências federais no Rio registram cerca de mil atendimentos. Só nesta semana, os pedidos triplicaram a 3.184. No posto do Centro, o problema maior é para quem dar entrada no seguro-desemprego, mas também afeta quem precisar tirar a carteira de trabalho. Como são cerca de 50 senhas em cada posto, só consegue ser atendido quem chega ao posto ainda de madrugada e, na disputa pelos primeiros números, há até quem venda o lugar na fila.

A paralisação afetou também as atividades dos cinco postos Rio Poupa Tempo, que atendem de 80 a 130 pessoas por dia. Antes de tentar atendimento no posto federal, Fábio Silva chegou a procurar o serviço em diferentes unidades:
— Fui no Poupa Tempo três vezes. Agora, mais uma vez fiquei sem atendimento.

Sem trabalho desde fevereiro, Vicente Costa Vena chegou antes das 6h na superintendência do Ministério do Trabalho e também não conseguiu ser atendido. Além da longa fila, reclamou do agendamento pela internet:
— Tento há um mês e meio no site e não consegui.

O governo do Estado não informou quantos dias a greve durou, mas as dificuldades vêm sendo registradas pelo menos desde o início da semana passada, segundo os trabalhadores. Reportagem do GLOBO mostrou que, em fevereiro, o problema era o mesmo: greve e instabilidade no sistema na internet prejudicavam o atendimento. Agora, os funcionários do Instituto Brasileiro de Administração e Apoio Universitário do Rio de Janeiro (Ibap), que presta serviços à Secretaria de Trabalho, estão parados devido a um atraso nos pagamentos. A secretaria informou que o dinheiro foi depositado ontem.

Além das agências do Sine e do Ministério do Trabalho, no Rio, é possível requerer o seguro-desemprego e a carteira de trabalho em oito postos da prefeitura, pouco conhecidos. Na segunda-feira, enquanto dezenas tentavam atendimento nas unidades do ministério, a agência da prefeitura do Santo Cristo, no Morro da Providência, estava praticamente vazia. Funcionários do local informaram que são distribuídas até 15 senhas pela manhã, mas só oito pessoas esperavam na fila às 9h. Um deles era Robson Moura, que conseguiu marcar atendimento em Santo Cristo no mesmo dia em que não teve sucesso no posto do ministério.

— Estou tentando há mais de um mês. Você chega às 4h, e o cara chega às 7h para falar que não está funcionando.

FONTE: Força Sindical

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