O Sindicato de Alimentação publica agora em nosso Diário do Trabalhador a matéria que foi publicada na fonte que se encontra no final da matéria. Confira!
Vítimas comuns são mulheres, negros e homossexuais.
Especialista aconselha: 'Reúna provas e leve a um advogado para entrar em
juízo'
Um alerta: grávidas também não estão livres do
assédio
Pode ser um
gesto, uma palavra, um email. Você sabia que qualquer conduta abusiva de um
chefe em relação a um funcionário pode ser considerada assédio moral? Qualquer
coisa que fira a dignidade e a integridade física ou psíquica do trabalhador,
de maneira intencional e frequente, que ameace o emprego ou degrade o clima de
trabalho, é crime! Um levantamento feito pelo Ministério Público do Trabalho do
Rio de Janeiro revelou que, de 2004 a 2009, os casos aumentaram mais de 700% em
pelo menos três estados brasileiros. No Rio, a alta foi de 723% e o número de
queixas subiu de 17 para 140. Já em São Paulo, os casos aumentaram em 865% e as
queixas foram de 23 para 222. Segundo a pesquisa, as vítimas geralmente são
mulheres. Mas também há muitos casos de agressões morais contra negros e
homossexuais.
O assédio
moral, que é a pressão psicológica no trabalho, na maioria das vezes origina um dano moral, como explica o advogado Joaquim Fernandes. “Cobrança excessiva e
metas inatingíveis causam estresse no trabalhador. Ele se afasta da família e
cria problemas familiares. O que é dano moral? É você atingir a pessoa no seu
aspecto mais íntimo. É a consequência do assédio. Você acaba afetando o
patrimônio interior do empregado, que é o equilíbrio emocional, a relação com
amigos, com familiares”, explicou.
Para se
defender, o trabalhador deve juntar provas. E-mails, mensagens de telefone
celular, testemunho de colegas, tudo o que pode ser usado a favor de quem se
sentiu prejudicado. “Ele deve reunir tudo isso ao longo do trabalho que ele
está prestando para a empresa, para depois levar a um advogado e entrar em
juízo”, orientou o especialista.
É natural que o
seu chefe cobre produtividade e resultados. Afinal, a empresa precisa ser
saudável, tem que dar lucro. Mas quando o limite é extrapolado, dá
margem à prática abusiva. O que muito trabalhador está descobrindo é que
não precisa ser agredido ou ofendido para se tornar vítima desse assédio e ir
em busca dos seus direitos. A Eliene Moraes, coordenadora de vendas, trabalhou
durante 11 anos em uma rede de supermercados e relatou seu caso. “Éramos
ameaçadas todos os dias. Eles demitiam uma pessoa, e vinham falar: ‘o próximo
pode ser você. Se eu mandar você ou outro, tanto faz para a empresa’. A gente
sempre era ameaçado”, lembrou.
Eliene conta
que não tinha mais vida. O telefone tocava à noite, aos finais de semana,
sempre com os chefes cobrando resultados. A dedicação era total ao trabalho e
quase nenhuma à filha recém-nascida na época. “A minha filha chama a minha
sogra de mãe. Perdi todos esses anos na vida da minha filha, tive que aprender
a ser mãe”, lamentou ela.
A saída de
Eliene foi arquivar os e-mails e entrar na justiça. A empresa já tentou um
acordo, mas ela não aceitou. “Vou ser uma formiguinha, mas vou tentar evitar
que outras pessoas tenham essa cobrança. Vou até o fim porque quero evitar essa
humilhação”, declarou.
Se você é mãe
ou pretende ser um dia, fique atenta para não virar um alvo fácil de chefes
abusivos. A Natália Turqueto engravidou aos 19 anos, quando trabalhava como
atendente num banco. Porém, ela sofre de enxaqueca e, na gravidez, não podia
tomar qualquer remédio. Sempre que tinha uma crise, precisava ir até o
hospital. Foi quando começou a sofrer nas mãos da chefe. ”Cada vez que eu
levava um atestado eu ouvia coisas do tipo: ‘agora você está estável então não
posso te mandar embora, mas o que você vai fazer quando voltar? A hora que você
mais precisar eu vou ter que te mandar embora. As outras grávidas estão
trabalhando, Você está fazendo corpo mole?’. Quem gosta de ter que ir para o
hospital tomar remédio todo dia?”, se perguntou Natália.
Mesmo grávida,
ela diz que as idas ao banheiro eram controladas. Uma norma do banco
estabelecia 10 minutos por dia para os funcionários. “Isso era cronometrado
pelo sistema que nós éramos conectados para atender às pessoas. Se
passasse dos 10 minutos, entraria no relatório da supervisão do dia seguinte e
nós éramos cobrados”, revelou.
Os
desentendimentos se tornaram frequentes e Natália começou a ficar cada vez
menos motivada. Na volta da licença maternidade, assim que acabou o período de
estabilidade, aconteceu o que ela já esperava: a demissão. “Me demitiram alegando
que eu não me encaixava naquele perfil de trabalho. Era a mesma função que eu
havia exercido por dois anos”, lembrou.
A jovem não tinha e-mails que comprovassem o
assédio moral, mas conseguiu que colegas de trabalho testemunhassem em seu
favor. Ganhou a causa, já foi indenizada e está de emprego novo. “Não é normal
você ser tratado dessa forma. Você sofrer pressão, ser humilhado, ter sua vida
exposta, acho que ninguém tem direito de fazer isso”, encerrou a jovem.
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